31 dezembro 2007

Influências latino-americanas

Earth boy - South America

(Pacto de Lausanne – Parte 4)*

É preciso dizer que Lausanne não foi a vanguarda de um processo de reflexão teológica a incluir uma agenda importante de compromisso social. Por outro lado, é verdade que teve um alcance e influência mundiais a respeito dessa agenda de missão.

Talvez tenha tido seus méritos ao permitir que expressões dessa reflexão teológica da missão integral encontrassem aí espaço, oportunidade para amadurecimento, para divulgação e para formação de lideranças evangélicas do mundo todo a partir desses paradigmas missiólogicos que foram formulados.

Pode-se apontar inclusive que houve influência latino-americana no processo de reflexão pré-Lausanne e na redação final do Pacto. Desde a realização do Primeiro Congresso Latino-Americano de Evangelização (Clade I, 1969) e depois, com a criação da Fraternidade Teológica Latino-Americana (1970), reconhece-se que “teólogos evangelicais latino-americanos começaram a influenciar o debate teológico e missiológico em nível mundial e tal influência foi sentida na preparação, execução e desdobramentos do Pacto de Lausanne”1.

Mesmo entre os que avaliam que a redação final do documento poderia ter sido mais radical, como seria o desejo dos latino-americanos, ainda assim reconhece-se que “o Congresso de Lausanne foi um momento em que o mundo ouviu a voz dos teólogos latino-americanos, tomando expressões de suas palestras e citando-as literalmente no Pacto de Lausanne”2.

Lembro-me da primeira vez em que li as palestras principais proferidas em Lausanne. Todos textos muito bons, mas dois em especial chamaram-me a atenção. Eram justamente os de dois representantes de nosso continente: René Padilla, com o tema “A evangelização e o mundo” e Samuel Escobar abordando “A evangelização e a busca humana da liberdade, justiça e realização pessoal”.

São abordagens que levam a sério a integralidade do evangelho, procurando fazer pontes reais com os desafios que nosso mundo nos apresenta. Certamente essa foi uma influência importante no espírito do congresso e em seus desdobramentos, assim como na redação do próprio pacto, onde Samuel Escobar teve a oportunidade de participar como representante da América Latina.

(Continua...)

* parte 4 da reprodução do prefácio que escrevi para a série Lausanne 30 anos, volume 1, John Stott comenta o pacto de Lausanne, ABU e Visão Mundial, 2003.


1 LONGUINI, Luiz N. O novo rosto da missão: os movimentos ecumênico e evangelical no protestantismo latino-americano. Viçosa, Ultimato, 2002, p. 190.
2 Idem. p. 191.


Foto: ©
Earth boy - South America,
upload feito originalmente por redlaj.

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