Hoje é aniversário! Completam-se dois anos da minha primeira viagem exploratória a Montevidéu, Uruguai. Colocamos em nossas malas, eu e Ziel Machado*, uma imensa vontade de fazer uma bela sondagem do território que eu e minha família pensávamos em adotar como a terra de nosso coração.
Isso foi um ano antes de virmos todos, mala e cuia, para cá. É que antes de vir convinha elegantemente perguntar se nos queriam por aqui. Visitamos vários pastores e líderes, fazendo-lhes perguntas e ouvindo suas percepções. Queríamos checar como viam a possibilidade de uma família brasileira vir a essas terras para apoiar um ministério estudantil interdenominacional.
Era uma sensação um pouco estranha. Ziel fazia as perguntas, ouvíamos, e só depois ele me apresentava como o “tal missionário que queremos enviar a essas bandas”. E eu ficava ali, com aquela “cara”, esforçando-me para transmitir confiabilidade e segurança, bem naquele momento da primeira impressão, do olhar perscrutador.
“Será que eu escovei bem os dentes hoje? Eu devia ter passado fio dental para arrancar aquele naco de carne com couve que ficou preso entre meu canino e o pré-molar… Sim, pois não, sou eu mesmo, o que o senhor ou a senhora gostariam de saber acerca de minhas ‘qualificações’?”
Na verdade, sentia-me pouco qualificado ou adequado. Quantas experiências negativas eles podiam já haver passado com estrangeiros que chegavam achando que já sabiam como fazer a obra por aqui? Quem lhes garantiria que eu não faria o mesmo, ou pior?
Também tivemos encontros com estudantes nas universidades, com profissionais que já haviam participado do movimento estudantil no passado, além de cruciais e deliciosas investigações da gastronomia local. Tentamos fazer uma pesquisa do custo de vida, mas isso se complicou depois que a gerente do supermercado nos descobriu e nos confundiu com elementos infiltrados da rede inimiga. Eu lhes pouparei de detalhes constrangedores (para nós, é claro), mas posso dizer que a segurança foi muito gentil conosco nos indicando e nos acompanhando até a porta que dava para a rua…
É isso. Antes de chegar é bom saber o que está acontecendo. Ajuda-nos treinar os olhos para enxergar o mover de Deus que já está lá. Perguntar aos “nacionais” se eles nos querem, ou não, e ouvir deles como e onde podemos cooperar. Bons princípios missiológicos que podem nos poupar ao menos alguns equívocos.
Dois anos, parece que foi ontem. Mas também parece que já foi há muito tempo… Acho que é um bom sinal. Para celebrar essa data, ouça a música “730 dias”, do uruguaio Jorge Drexler, logo abaixo.
* Ziel Machado é secretário regional da CIEE (IFES em inglês), a Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos, que congrega mais de 150 movimentos estudantis cristãos nacionais e autônomos em todo o mundo.
Foto: Luggage cart
Upload feito originalmente por mag3737
2 comentários:
Que legal! Estou vendo que esse missionário tem um "Q" de poeta... Será que estarei certa? Poético, muito poético! Grande abraço. Iara
Oi Iara,
Obrigado pela visita, e que os poetas não te ouçam...hehe
Abração no Henrique e outro pra ti,
Ricardo
Postar um comentário