A quantidade de divórcios aumentou 80% nos últimos 10 anos aqui no Uruguai. Mais da metade dos que se casam a cada ano se divorciam algum tempo depois.
Um psicólogo da terra, Gustavo Ekroth, anda defendendo que a durabilidade de um casamento se sustenta em quatro pilares: atração sexual, amizade, admiração e projetos em comum.
Ele ainda sustenta(1) a curiosa teoria de que o matrimônio deveria ser um contrato com prazo de validade, que se pode renovar, ou não, conforme o desejarem. Para ele, “ainda que agora estejam bem, não têm porque ser assim a vida inteira; assim deixariam de prometer no altar coisas que terminem sendo uma mentira”.
Já imagino a cena. O conselheiro no curso de noivos lhes pergunta “por que só um ano, não querem logo partir para três?”. Ou, ao revés, “acho dez anos muito arriscado; vamos colocar cinco e ver como anda o negócio?”.
Pensando bem, se esse papo de compromisso e permanência já não manda tanto, proponho que radicalizemos.
Criemos um novo sistema de avaliação diária do casal! Por meio de pontuação, e cores que nos auxiliem já que nossa inteligência emocional não anda lá essas coisas.
Acima de 7, cartão verde, passou. Entre 4 e 6, dá-lhe um cartão amarelo. O imbróglio é feio, demanda convocar uma reunião urgente para recompor as metas. Abaixo de 4 não dá. Segue um cartão vermelho junto com o singelo texto “dessa vez não deu, procure outra” (ou outro, sei lá).
Para evitar indelicadezas, nada de mostrar a nota e o cartão assim, cru, na cara do outro. Deixemos discretamente a avaliação de nosso companheiro sobre o criado-mudo, a cada manhã ou noite, como lhes convier.
Outro dia passei pelo “mudinho” e, para minha surpresa, havia um 10. Cartão lindo, novinho, nunca antes usado…. Emocionei-me, fui às nuvens. Devo ser como o vinho, conjeturei. Melhoro a cada ano que passa.
Abrupto minha amada esposa irrompe, de um peteleco vira a nota a um 7, enquanto diz “já falei pras crianças não mexerem aqui…”.
Quase acho que foi algo premeditado (vislumbrei o esboço de um sorriso maroto), se bem que nem ligo, até gostei do 7... Mas ainda confesso que tenho saudades dos tempos em que o “só a morte nos separará” já era suficiente.
1 Em “Hasta aquí llegamos”, El Observador, 10/11/2007
(Foto: © Lised Márquez)
3 comentários:
Olá "tocayo", há semanas favoritei este blog, e vejo que não foi por acaso, ótimo post, nobre causa... Está siendo un gusto leerte.
Como lhe encontrei ?? algumas tags googladas daquilo que pensava na ocasião e volta e meia penso: Evangelho do Reino - Uruguay.
Que Cristo Jesus continue a abençoar a tí e sua família.
Olá tocayo.
Muito obrigado pelo seu simpático comentário. Fiquei curioso. Você tem alguma relação com el hermoso Uruguay?
Será um prazer manter contato contigo.
Abraços!
Não ha de que agradecer irmão. Afetiva e Saudosa - eu classificaria esta relação.
Apesar de meros três dias passados em Montevidéo, através de meu ultimo emprego, estes vieram a intensificar ainda mais um sentimento singular e profundo por esta nação e povo. Assim como pelos "hurgadores", sempre intercederei junto ao Mestre por todos vocês.
Até + e Fiquem em Deus !
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