05 novembro 2007

Mãos que trabalham também descansam?

“Você se lembra de nossa última conversa?” Não, não era razoável que pudesse recordar. Eu era uns tantos quilos mais novo, estava por sair da universidade. Fazem exatos 15 anos.

Voltei a ver o Sr. Jacques Beney em um recente ajuntamento mundial da IFES. Não o havia visto durante todo esse tempo. Logo o reconheci, e decidi revelar-lhe como havia me abençoado àquela época e, na verdade, desde então.

Contei-lhe como sua dica simples me havia ajudado tanto. Resumindo, ele me ensinou a orar a cada manhã, com as palmas das mãos viradas para cima, recebendo de Deus o chamado que Ele tinha para minha vida, assim como as forças e a sabedoria para cumpri-lo nesse dia.

Antes de dormir deveria voltar a orar, com o mesmo gesto das mãos, dessa vez devolvendo ao Senhor o chamado, que é dEle, e assim entregando tudo em suas mãos, para que pudesse dormir em paz.

Disciplina e gesto tão simples, mas reveladores de uma profunda verdade. Tudo o que faço na vida deve beber dessa fonte que é o chamado de nosso Deus. E preciso saber descansar, recordando-me sempre que o trabalho é dEle, e que não me cabe a última palavra ou responsabilidade.

Meu caro amigo suíço Sr. Jacques, devo lhe dizer que fui desobediente algumas vezes. Já abracei causas e preocupações como se fossem somente minhas. De um modo que, pensava eu, o fim do mundo pronto chegaria por minha ação ou omissão. Pura tolice. E arrogância.

Minhas mãos aos poucos delatam as marcas da lide diária. Elas sofrem mais quando não as estendo pelas manhãs e ao deitar-me. Mãos que laboram precisam descansar. E elas o farão quando aprenderem a receber, e a entregar.

Descanse feliz, minha cara mão.

(Foto: © Hercules Milas)

Um comentário:

Taciana disse...

Querido, muito lindo o texto! É a primeira vez que estou entrando no seu blog. De uma certa foma traz vc pra perto da gente...gde beijo.