15 outubro 2007

Não me chamem missionário! Ou chamemo-nos todos…

Se esse blog tem em seu subtítulo “Confissões de um missionário…”, que história é essa de “não me chamem missionário?”.

Bom, agora que consegui sua atenção, pensemos um pouco juntos sobre o tema. Concordo em ser chamado missionário. Passo inclusive por uma experiência de redescoberta da beleza do sentido que acompanha esse nome. Mas apenas aceitarei o “nome” se nós o compartilharmos. Combinado?

É de longa data na história da igreja cristã a triste divisão no entendimento da vocação de cada cristão. Exaltou-se o fulano de “tempo integral”, como pastor, bispo (apóstolos e serafins mais recentemente) e deixou-se na vala comum da mediocridade, ou do “quando tiver um tempinho”, o restante do povo de Deus.

Nessa polarização, o missionário, normalmente entendendo-se com isso o cristão enviado em missão a outra cultura, tomou status de herói sofredor no campo de batalha. É a projeção idealizada que expurga nossos pecados da acomodação e indiferença. “Pelo menos um de nós está lá”, um representante da classe, alguém com uma fé mais elevada, levando toda a igreja a sentir que está cumprindo uma missão importante.

É claro que isso normalmente vem acompanhado das expectativas de que seja alguém com estilo de vida abnegado, sofredor, sempre em necessidade. Necessidades essas que eu poderei atender, à medida em que as minhas preocupações com a “vida real” me permitirem, é claro. Além do mais, alguém tem que trabalhar…

Encruzilhada. As distorções precisam ser corrigidas. Missionário tem que ser todo discípulo de Jesus, aqui, ali e em todo lugar. Vamos abolir essas expressões que não nos ajudam, como “tempo integral”. Missionários seremos todos, trabalhando pelo nosso sustento ou recebendo apoio, em nosso país ou em algum lugar bem diferente de nossa cultura natal.

Vocação e chamado tem que ser conceitos aplicados a todo cristão, e não supostamente a uma “categoria especial”. Vamos conseguir mudar o rumo desse bonde?

(Foto: © SangSu Sergio Park)

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