04 setembro 2008

Amor líquido como sabão



“O fracasso de uma relação é com freqüência um fracasso de comunicação”
Zygmunt Bauman


Confesso que fiquei tentado em colocar o seguinte título nesse texto: “Uma garotinha de 5 anos resenha livro de Zygmunt Bauman”. Depois pensei melhor, imaginei que poderia suscitar incontáveis visitas ao blog pela curiosidade que tal frase provocaria nos mecanismos de busca na Internet, e daí optei por esse que está aí. Conto-lhes como ele surgiu.

Carolina, a tal garotinha do título abortado, que sucede ser minha filha caçula, viu um exemplar de “Amor líquido” descansando em minha mesinha de cabeceira. Curiosa, e dando seus primeiros passinhos com as letras, leu-me em voz alta a capa.

Ela saiu dali intrigada. Creio que o subtítulo não a ajudou muito, “Acerca de la fragilidad de los vínculos humanos”. Sim, minha versão é em espanhol e a pobre criatura ainda tem que aprender a ler em dois idiomas. O mundo é assim mesmo, cruel e injusto.

Passamos os dois ao banheiro, com o nobre propósito de lavar as mãos antes do almoço. Seu olhinho se iluminou, apontou para o pote de sabonete líquido e aí me disse triunfante “Amor líquido como sabão!”. Que pai, por mais insensível que fosse não concordaria com a brilhante e breve resenha que sua jovem filha acabara de fazer do livro de Bauman?

Estou apenas no começo do que me parece ser um excelente ensaio. O primeiro capítulo sobre como a gente se enamora e se desenamora (como se diz isso em português?) em nosso mundo é fabuloso. Creio que tem muito a ver com aquela estranha idéia, comentada aqui anteriormente, de colocar prazo de validade nos casamentos.

Foi outro dia, quando cruzei ao outro lado do rio e visitei minha livraria preferida, que resolvi acabar com essa pendência com o catedrático em sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Adquiri então esses quatro títulos: Amor líquido, Miedo líquido (la sociedad contemporânea y sus temores), Modernidad líquida, Vidas desperdiciadas (la modernidad y sus parias).

Tudo bem, reconheço que há muito “líquido” nesse pacote. Não tem problema, estou em dieta mesmo. Não por razões estéticas, claro. Nem porque minha esposa tenha insinuado que eu precisasse. Ou será que ela o fez e eu não entendi o que ela tentava me dizer? Espero que o Bauman resolva meu dilema no próximo capítulo.

Foto: ©
The soap dispenser formerly known as Gonzo
Upload feito originalmente por Andreas Reinhold

2 comentários:

Lissânder disse...

Meu caro,
Eu comprei há uns 3 meses "Medo Líquido". Descobri o autor em uma resenha de uma revista.
Comecei a ler (mas, infelizmente, não continuei. Pelo que tenho lido, o autor consegue fazer uma interessante leitura da sociedade que ele prefere chamar de líquida (e não pós-moderna).
É bom saber que outras pessoas cristãs também tem lido o autor. Assim, posso ouvir mais opiniões.
Abraço!

Unknown disse...

Valeu, meu caro Lissânder!
Deixe-me ler um pouco mais e depois a gente se fala. Enquanto isso, te dou um tempo para que possas retomar tua leitura, hehe...
Forte abraço!