18 abril 2008

Profetas “para dentro” e “para fora” - 2


Encaro a tal promessa feita no artigo passado. Se você não acompanha tão assiduamente o blog como o faz a tia Dorotéia, eu lhe explico do que se trata. Impensadamente eu prometi continuar a explorar as causas sobre o porquê supostamente temos sido mais profetas “para dentro” do que “para fora” da igreja.

Sigo nessa exploração através de um exercício de auto-crítica. Era o começo da década de 90 e eu me havia proposto a preparar uma apostila para um curso de formação de líderes da ABU. O tema era um exagero ambicioso, e aqui uso a palavra ambição no sentido negativo que lhe podemos atribuir. Propunha-me a explorar o singelo assunto dos “desafios da (pós) modernidade”.

O fato de ter usado o “pós” entre parênteses não sucedeu por qualquer requinte conceitual. Era dúvida mesmo, simples e crua, se me acercava dos desafios da tal modernidade que tanto nos modelou e ainda nos modela, ou se me aproximava dos conceitos que não entendia bem (sigo sem saber dominá-los) da chamada pós-modernidade.

Apresentei um primeiro esboço da empreitada a alguns amigos. Lembro-me da reação da boa amiga Lígia Pupo. Ela me perguntou assim, sem rodeios, “que leitores não-cristãos você leu acerca do tema?”. Fiquei meio assim sem saber como responder, talvez porque ela acabava de expôr meu tendão mortal, enquanto continuou paciente e didaticamente, “digo esses autores que representam, em seus livros, seu pensamento, o que foi ou é o modo de pensar de uma geração”.

Touché! Fora atingido no elo mais fraco, e teria que admitir meu fracasso. Não é o caso de que eu não estivesse lendo coisa boa. Era a época de minha descoberta de autores fabulosos como Lesslie Newbigin ou Jacques Ellul. Preciso, e talvez muitos entre nós também, ler ou reler obras de autores como esses dois para que aprendamos a ser profetas de verdade no meio de nossa geração e realidade.

O problema é que eu não posso deixar de fazer a lição de casa que eles próprios tentaram nos ensinar. A de que só terei alguma chance de ser relevante no que digo à sociedade ao meu redor, no debate público que nenhum cristão pode se furtar, se eu de fato conhecer a mentalidade reinante, seus esquemas, seus pressupostos aceitos e muitas vezes ocultos, e conhecê-los em primeira mão, desenvolvendo meu próprio olhar crítico. Isso porque o que recebo já mastigado traz as marcas da dentadura de um que já ruminou o negócio. Tenho que sentir o gosto eu mesmo, desenvolver a habilidade de um copeiro real, saber cheirar a intriga e desvendar a charada antes que ela me envolva de tal maneira que aceite e coma qualquer coisa que seja colocada diante de mim.

Então, faça o controle na sua lista de livros e programas que você vê e ouve. Não se alimente só do que é “seguro” e “bom” para a sua alma. Você não chegará à vacina se não se arriscar a provar um pouco desse veneno. Como não se perder ou morrer no meio do caminho? Bom, se você acreditou na promessa anterior e leu essa seqüência do tema, talvez não seja difícil que eu lhe engabele uma vez mais e convide-o a voltar por aqui e ver até onde podemos ou queremos chegar. Até lá!


Foto: ©
Revolving Doors.
Upload feito originalmente por Ange Soleil ( a.k.a Tweng )

Um comentário:

Jake disse...

dejo saludos entre el
koff koff koff
del humo porteño...

espero que lo estén pasando lindo.
besosssssssssssssssss