09 junho 2008

Foi assim que me apaixonei por aquele texto



(Série Histórias Agronômicas - I)

Apaixonei-me por um capítulo da Bíblia em um congresso científico! Foi assim. Tive que chegar antes para garantir meu assento no auditório. O Dr. Warwick Estevam Kerr estava por proferir uma palestra no Congresso Brasileiro de Genética. Era 1990, em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. De todos lados chegavam estudantes e professores para ouvir aquele que trazia consigo uma invejável fama de brilhante cientista.

Para falar da biodiversidade, o tema de sua palestra, o Dr. Kerr nos deliciou com uma exposição da parábola do semeador! Aí estava um respeitado geneticista deixando-nos boquiabertos com sua desenvoltura ao falar de ciência usando a sabedoria dos evangelhos.


Creio que o capítulo 4 do evangelho de Marcos, onde encontramos essa parábola, é o capítulo agronômico por excelência. Antes que você pense que estou sendo tendencioso por defender a classe agronômica, observe que, nessa seção das Escrituras, Jesus nos conta três parábolas sobre as sementes como metáforas do Reino.


O Dr. Kerr é um homem brilhante, mas também muito simples. Lembro-me com carinho de sua deferência ao vir fazer comentários sobre o trabalho científico que eu, um jovem e bem inexperiente estudante, apresentava. Apesar dele conhecer meu pai já havia algumas décadas, foi fácil reconhecer que sua atenção não se deveu a essa conexão, digamos, familiar.


Bastava ver como ele pacientemente visitava cada stand, e a maneira como ele falava com cada estudante como se fosse um companheiro de longa data na labuta científica. O saber não lhe havia subido à cabeça. Perguntava-me se poderia haver outra lição que ele poderia nos dar. E ele o fazia.

Era alguém que propunha questões instigantes, provocativas, ajudando-nos a ver aspectos da investigação que antes não havíamos nos dado conta. Ou seja, sua ajuda vinha mais através de suas perguntas e provocações do que através de receitas que pudesse nos dar.


Foi assim que esse professor universitário, um cientista bem respeitado em todo o mundo, levou-me a uma paixão por algumas parábolas das Escrituras.


Falo do professor, e de como me inspirou, talvez em uma singela homenagem, antes de compartilhar com vocês algumas breves reflexões sobre as sementes e o Reino, nessa série à qual nomeio “histórias agronômicas”. Até a próxima semana!


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