07 julho 2008

Quando “não saber” é uma virtude

(Série Histórias Agronômicas - V)

O poder da semente que sempre nasce e cresce é um mistério que o agricultor não entende (Mc. 4:27). Tampouco nós chegamos a entender.


Daí surge na memória o que Jesus disse acerca de Deus decidir revelar as verdades mais profundas do evangelho aos humildes de coração, ocultando-as dos supostamente mais sábios e entendidos.


Poderíamos então chegar à libertadora percepção de que o “não saber” aponta não somente para uma limitação de nossa capacidade, mas também para algo desejável para uma sã espiritualidade?


Examinemos rapidamente quando o “não saber” se tornaria uma virtude.


Um desses casos nos é revelado pela parábola da erva daninha (Mateus 13:24-30;36-43). Ela nos impede que nos coloquemos em uma posição de juízes, pois em verdade não o somos. Há somente um. Quando pensamos que “sabemos”, arriscamo-nos a arrancar a planta que cresceu da boa semente junto com a nefasta.


“Não saber” também é algo que nos ajuda a não nos afogarmos em uma tentadora necessidade de controlar os processos e os resultados, essa que acaba nos levando a uma ansiedade absurda. Evitando essa armadilha, podemos desenvolver essa confiança mais leve e descansada no Senhor.


Por fim, se pudéssemos entender tudo acerca do poder e do mistério embutido na semente que é a Palavra, poderia suceder que víssemos a nós mesmos como grandes e que percebêssemos a Deus e sua Palavra como pequenos e manipuláveis de acordo com nossos próprios interesses.


Difícil imaginar algo mais perigoso do que a religiosidade como instrumento de poder para que uma pessoa ou grupo levem a cabo suas próprias agendas.


Há muita virtude em confiar naquele poder que faz com que “a terra por si produza o grão” (v. 28).


(Continua...)


Foto: ©
Isaac Bonyuet - 2008 TrekEarth

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