27 fevereiro 2008

Escravidão, Wilberforce e a carta do velhinho Wesley



Ainda não vi o filme “Amazing Grace”,* que retrata a luta de William Wilberforce contra o tráfico de escravos e depois contra o fim da própria escravidão no império britânico dos séculos XVIII e XIX.

Wilberforce, então um jovem membro do parlamento inglês, converteu-se através da pregação de John Newton. Esse, antes de se tornar pastor e autor do famoso hino que leva o nome desse filme (“Maravilhosa Graça”) após uma dramática conversão, havia dedicado boa parte de sua vida ao vil comércio de escravos.

Newton era um admirador de John Wesley, aquele que liderou um avivamento espiritual com profundas marcas de inovação e engajamento social na Inglaterra da época. Foi Wesley quem, aos 87 anos de vida, escreveu ao jovem de 31 William Wilberforce o que seria a última carta de sua vida.

Ela ficou lavrada no diário de Wesley, no dia 23 de fevereiro de 1791, pouco antes de sua morte. Ele tinha acabado de ler um livro ("Gustavus Vasa") sobre um antigo escravo de Barbados. Inspirou-se então a escrever uma palavra de encorajamento ao jovem recém-convertido William, que nesse momento estava tentado a abandonar a vida pública em troca de uma vida mais contemplativa (Mt. 17:4). Wesley o exortou assim:

“Caro senhor, a não ser que o poder divino o tenha alçado para ser um Atanásio contra mundum, não posso ver como poderá terminar Sua gloriosa empresa, opondo-se àquela execrável vilania, que é o escândalo da religião, da Inglaterra e da natureza humana. A não ser que Deus o tenha verdadeiramente erguido a essa obra, o senhor será consumido pela oposição dos homens e dos demônios. Mas se Deus for pelo senhor, quem lhe será contra? São eles todos juntos mais fortes que Deus? Não se canse de fazer o bem. Continue, em nome de Deus, e com a força do seu poder, até que a escravidão americana, a mais vil que já houve sob o sol, se desvaneça diante desse poder.
Lendo esta manhã um tratado escrito por um homem africano, me impressionou muito a circunstância de o homem com a pele escura ser maltratado pelo homem branco e não ter o direito a reclamar justiça, uma vez que há uma lei em todas as nossas colônias afirmando que o juramento de um negro contra o de um branco de nada vale. Que vilania é essa!
Que Aquele que lhe tem guiado desde sua juventude continue fortalecendo-lhe nessa e em todas as coisas. Essa é a oração de seu afetuoso servidor, John Wesley”

Dezessete anos depois dessa carta, Wilberforce viu, não sem lutas e muitas derrotas, seu projeto de lei contra o tráfico de escravos ser aprovado. E somente 42 anos depois, em 1833, três dias antes de morrer, escutou a noticia que vinha do Parlamento acerca da aprovação de seu projeto de lei que abolia a escravidão.

Na luta prévia a essa vitória, anos antes, Wesley havia enviado outra carta a Samuel Hoare, líder metodista nos EUA, dizendo:

“São pequenos passos contra essa terrível abominação. (...) Sem dúvida, vocês terão oposição forte e violenta, pois os donos de escravos são um grupo numeroso, rico e, portanto, poderoso. E quando o negócio deles está em perigo, não estão vocês tocando na menina de seus olhos?”

Fico me perguntando como anda a nossa coragem para identificar e enfrentar os poderosos e suas meninas dos olhos de nosso tempo. Pode ser que esse filme não seja uma obra-prima*, ou mesmo que contenha suas incorreções históricas, mas espero que sirva a mim e a muitos outros como alerta e inspiração, assim como deve ter sido a carta do bom velhinho Wesley.

Foto: ©
Flora's profile
Upload feito originalmente por inconstanti


* Update: vi o filme, muito bom, e já o utilizamos em algumas discussões em grupo. Vale a pena!

Veja um clipe do filme “Amazing Grace”:

22 fevereiro 2008

Uma necessidade, um sonho, um chamado

“Por que você veio ao Uruguai?”. Assim, direto, veio a pergunta de meu amigo uruguaio.

Voltei então a pensar sobre as idas e voltas que nossa vida faz. E cheguei à conclusão de que a resposta mais simples à pergunta tem a ver com uma necessidade, um sonho e um chamado.

Comecemos com o último. A primeira reação ao meu amigo foi assim, na lata, “Porque Deus me mandou vir aqui”. Seu olhar falou mais do que seu silêncio. Então, sob o escrutínio de dois olhos cheios de perguntas, resolvi desenvolver um pouco mais a resposta.

Quando falo de chamado, penso em algo que vai além da distorção da idéia como sendo algo somente para os monges, freiras, pastores e missionários.

Já comentei aqui algo sobre isso, tergiversando sobre aquela conferência em Pindorama sem "heróis transculturais", e também quando propus que todos nos chamássemos missionários. Como não desejo ser mais repetitivo do que já sou, apenas volto a dizer que a idéia de que “Deus nos chama”, para qualquer e toda vocação e atividade que desenvolvamos em nossa vida, é algo fundamental em toda a geografia e em qualquer área de exercício do labor humano.

Segundo, o que faço deve ter a ver com sonhos que carregamos. Eu e minha esposa Ruth sempre tivemos o sonho comum de apoiar em um contexto pioneiro de trabalho transcultural.

É verdade que esse sonho muitas vezes teve que ser purificado de suas concepções às vezes românticas ou por demais idealistas. Mas é ainda mais verdadeiro o fato de que nossa barriga tem que gelar e nossos olhos têm que brilhar quando falamos do que Deus tem nos chamado a fazer, onde quer que seja.

Também houve uma dimensão mais mística, em que tanto eu como Ruth encontramos a graça de pequenos sinais (ainda que não creia serem eles necessários), inclusive sonhos de verdade (isso mesmo, aqueles que temos enquanto dormimos...), que foram como que confirmando nossos planos.

Terceiro, a necessidade. Seria bom que mais pessoas tivessem uma percepção mais realista da obra a ser realizada. Algo inclusive mais pragmático. Escuto uma notícia, oro sobre essa necessidade, e corro o “risco” de me tornar a resposta à minha própria oração.

Isso tudo esteve no nosso caminho até aqui. Desejos antigos, sonhos literais (não faz mal a ninguém estar mais espiritualmente sensível às diferentes maneiras em que Deus pode nos falar), a percepção de uma necessidade concreta, de que com nossos dons podíamos ajudar de alguma maneira, e por último a convicção íntima do chamado de Deus.

Cada vez que um estudante nos diz algo assim, “estava orando por uma oportunidade para fazer algo na universidade”, sorrimos no íntimo e agradecemos a Deus por seu chamado e caminho que nos abriu.

(Foto: © Diego Zalduondo)

20 fevereiro 2008

A Bússola de Ouro de Philip Pullman

Alethiometer (#202 of 365)

“Não necessitamos de listas do que é correto e do que é errôneo. O que necessitamos são livros, tempo e silêncio”1. Com essas palavras, Philip Pullman recebeu um dos muitos prêmios de sua estelar trajetória literária.

Confesso que sou um fã do gênero, e vou devorando ansioso o segundo título da trilogia Fronteiras do Universo, desse autor britânico de literatura fantástica que não esconde seu desejo de fazer um contraponto às crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis.

Pullman crê que a obra de Lewis é “moralmente desprezível”, e “uma das coisas mais desagradáveis e venenosas que já li”. “Nárnia”, disse, “é [a obra] cristã... e a minha é a não cristã”2.

Eu, que sou um fã declarado das obras de Lewis, reconheço que a obra de Pullman é inteligente, engenhosa, e de prazerosa leitura. Já no filme, como é comum em adaptações à tela grande, se assiste a uma narrativa confusa, que perde a sutileza e a complexidade dos interessantes personagens e seus companheiros dimons. Esses últimos, uma interessante sacada do autor para revelar os sentimentos e as intimidades da alma de cada ser humano.

A Igreja Católica repreende o autor, o livro e o filme, por promoverem o ateísmo em seu público-alvo adolescente. Que isso esteja na agenda de Pullman talvez seja difícil de negar. Recentemente ele co-produziu, junto com Michael Rosen, o documentário Why Atheism (Por que o ateísmo?), promovido como “um curso de ateísmo para crianças de 11 anos”. 3

Quanto à história narrada na trilogia, posso mencionar, sem revelar mais do que o devido, que se trata de uma apologia da autonomia humana diante da suposta autoridade divina e da Igreja, que buscam sufocar a todo custo a gloriosa liberdade que deveria gozar a humanidade.

Suficiente para evitar a leitura dos livros? Ou para deixar de ver o frustrante filme que, apesar dos excelentes atores (Daniel Craig, Nicole Kidman e Dakota Blue Richards), inverte momentos importantes da narrativa e é muito mais superficial do que o enredo original?

O senhor Pullman pode ter suas motivações, como Lewis tinha as dele. Cada um de nós tem as suas, nobres ou nem tanto. Mas o autor de A Bússola de Ouro tinha razão ao dizer que precisamos de “livros, tempo e silêncio”.

Livros bem escritos podem nos ajudar na tarefa de fazermos boas perguntas. É claro que as respostas que sugerem poderão ser equivocadas. Seria arrogância e uma sutil ironia ambicionar que trouxessem “a verdade”.

O tempo e o silêncio poderão nos ajudar a reconhecer as críticas saudáveis, suas concepções às vezes injustas, mas o processo no final será muito mais produtivo do que uma censura ou a ausência no debate público.

É aí, na esfera pública, onde o evangelho deve ser anunciado e vivido, onde qualquer alegação de verdade pode ser testada, provada, melhor examinada, compreendida, e existencialmente abraçada.

O senhor Philip já se apresentou. E você, está disposto à aventura desse debate? Se sim, boa leitura!

1 Discurso ao receber o prêmio Carnegie Medal. Informação contida na orelha da edição em espanhol de “A Faca Sutil”, segundo livro da trilogia
2 Entrevista a Hanna Rosin de Atlantic Monthly, citado em The Golden Compass - A Briefing for Concerned Christians, R. Albert Mohler, Jr, www.reasons.org.
3 Citado em El País, Montevidéu, 9 de dezembro de 2007.

Foto: ©
Alethiometer (#202 of 365),
upload feito originalmente por Krelic.

Veja esse pequeno vídeo (em inglês), com clipes do filme e uma breve, mas interessante discussão sobre como essa obra retrata a Igreja e o tema da verdade:


11 fevereiro 2008

Fugindo do Deus que tudo vê



Mais de 100.000 indígenas vivendo em forma organizada, pacífica e produtiva. Uma fantástica experiência catequética, social e política. Trinta e três verdadeiras cidades que serviram como um freio ao expansionismo português no continente sul-americano.

Uma das causas do sucesso das missões ou reduções jesuíticas dos séculos XVII e XVIII teria sido a maneira como se respeitou em grande medida o modo comunitário de viver, organizar-se e produzir dos índios guaranis. Por outro lado, a empreitada missionária combateu suas crenças religiosas, sua poligamia e sua antropofagia ritual.

Sobre essa última, deve-se dizer que diferia do canibalismo, comum em outros grupos. Para os guaranis, tratava-se de um rito em que, ao alimentar-se de seu inimigo derrotado, adquiria-se seu espírito e sua força.

Os missionários jesuítas tiveram algumas dificuldades na banda oriental do rio Uruguai, em território que hoje faz parte do formoso país onde vivo. E elas não tiveram relação com o suposto perigo de tornarem-se eles mesmos especiarias da culinária indígena.

Conta-se que, ao tentar reunir os yaros (um dos povos nominados como os indígenas charrúas, célebres antepassados dos uruguaios), em mais uma de suas reduções, passou-se o seguinte.

Líderes do grupo disseram que queriam deixar o povoado, e voltar ao seu modo de vida, digamos, mais primitivo. O padre então lhes perguntou a razão, se era porque lhes faltava algo, se estavam infelizes, se desejavam alguma comodidade mais, enfim, o que poderia oferecer-lhes.

Eles então responderam que estavam bem, que tinham tudo o que precisavam. Mesmo assim, queriam ir embora, porque “lhes pregavam que o Deus dos cristãos sabe tanto que nada ignora, e é tão Imenso que em todo lugar está, olhando a tudo o que acontece; que eles não queriam um Deus que visse tanto”.1

O Deus que tudo vê afugentou os yaros. Voltaram às sombras dos bosques.

Fico pensando no que os incomodou. O que lhes foi anunciado e o que foi que entenderam? E é verdade que essas duas coisas, anúncio e entendimento, são bem entrelaçadas.

Como é que eu olho de volta ao Deus que tudo vê? Hagar, a escrava desamparada do Antigo Testamento, encontrou consolo no “Deus que vive e que me vê”.

Consolo naquele que me vê? Ou fuga diante dos olhos que me esquadrinham?

Pagaria bastante naquele último modelo de máquina do tempo para voltar e saber melhor o que se passou com os yaros. Olharia de longe, não me intrometeria. Além do mais, sou apenas um curioso, e não o Deus que tudo vê.

1 Em: Diego Bracco: Charrúas, Guenoas y Guaraníes. Interacción y destrucción indígenas em el Río de la Plata, pág. 375; citado em Historia y Geografía del Uruguay, Santillana, 2007, pág. 21.

Foto: ©
Upload feito originalmente por Omar Junior

08 fevereiro 2008

Fé na ciência, pero no tanto...



O articulista de um grande jornal lê os e-mails que lhe são enviados? Talvez sim, talvez não. Um assessor deve fazer a triagem. Algo assim: “insultos”, não; “elogios”, sim; “respostas coerentes”, sim; “devaneios”, não; uma “discordância, mas que contribui ao tema”, sim; “idéias diferentes, baseadas em outros paradigmas e modos de pensar”, hmmm, talvez...

Bem, não importa, e nem sei em que categoria caiu a mensagem que resolvi escrever ao articulista da Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman, após ler as duas colunas que ele escreveu sob o tema ciência e fé ( “Ciência sob ataque” e “A fé na ciência”).

Em minha humilde missiva, busquei não entrar no mérito específico dos casos que ele menciona (Ministra Marina Silva e neurocientistas). Mas tentei reagir ao que me pareceu sua percepção geral negativa acerca da religião e de quem é religioso. Aqui está:

“Caro Hélio,

Obrigado por suas duas últimas colunas. Digo o óbvio: são esclarecedoras e levantam questões bem interessantes.

Tomo a liberdade de lhe escrever para dizer-lhe que concordo com quase tudo.

Apenas fiquei com uma percepção geral negativa do seu texto acerca da religião ou acerca de quem se identifique como religioso. Uma impressão de que esses em geral seriam identificados com o obscurantismo, mandingas e fogueiras. E acredito que essa percepção não seria justa com seu pensamento.

Falo de um ponto de vista parcial e comprometido. Amo a ciência, como engenheiro que sou, e pessoalmente sou adepto do ramo protestante da fé cristã.

Eu poderia citar-lhe avanços importantes na história da humanidade, na preservação de direitos e em lutas contra injustiças, levadas a cabo por pessoas ou grupos com inspiração religiosa. Mas desisti dessa linha de argumentação. A cada caso positivo que eu pudesse mencionar, você, ou eu mesmo, poderíamos apresentar outros 10 negativos. Talvez essa seja uma das características da paixão religiosa. Ela tem o poder para inspirar absolutamente para o bem e também para o mal.

Então pensei em dizer outra coisa. Trata-se de algo sobre a interessante tese de Hooykas, exposta em seu livro "A religião e o desenvolvimento da ciência moderna", publicado pela Editora Universidade de Brasília, em 1988. Ele defende a idéia de que concepções gregas e bíblicas recuperadas pelo movimento protestante na Europa dos séculos XVI e XVII, prepararam a mudança de atitude e de visão de mundo necessárias para o desenvolvimento da ciência moderna.

Um dos princípios da Reforma Protestante, enunciado por Calvino, e citado por Hooykas, dizia: "se acreditamos que o Espírito de Deus é a única fonte da verdade, não podemos rejeitar ou desprezar a verdade, onde quer que ela se revele, sob pena de ofendermos o Espírito de Deus" (p. 152 do referido livro). Ele dizia isso em um contexto onde defendia que autores bíblicos, como Moisés, descreviam realidades de uma maneira popular, de maneira que pessoas de bom-senso em sua época pudessem compreender. E defendia os astrônomos de sua época, que iam contra a astronomia aristotélica abraçada pela Igreja, investigando tudo o que a perspicácia da mente humana podia penetrar. Assim, as "verdades" que esses astrônomos descobrissem, mesmo sendo descobertas por "pagãos", deveriam ser aceitas porque senão essa recusa ofenderia o próprio Deus, que havia criado essas "verdades".

Pessoalmente, eu posso acreditar que "Deus criou o mundo", sem precisar querer definir como isso possa ter acontecido. Ou seja, posso me alegrar com as "verdades" desse processo que a ciência vai descobrindo, mesmo que sejam "provisórias" e abertas à revisão pela própria comunidade científica.

Outros pensarão diferente a esse respeito. Não desejarei por isso enviá-los à fogueira ou ao inferno. É possível que eu seja parte de uma minoria. Mas isso não me impedirá de continuar buscando pontes de compreensão e entendimento.

Caro Hélio, continue escrevendo seus bons artigos.

Grato,

Ricardo”

Será que o assessor a colocou na pasta “leia mais tarde”? Ou teria o botão delete impedido qualquer aspiração de comunicação entre visões de mundo supostamente opostas? Pelo menos tive o prazer de me manifestar. E esse gosto vale qualquer risco de ser ignorado.

Foto: ©
Newsreader
Upload feito originalmente por Richard Forward

06 fevereiro 2008

Vale a pena publicar?

pen

“Não importa ao editor que não leiam seus livros, e sim que eles vendam”. Anos atrás essa frase saltou do artigo que lia e atingiu meu rim sem piedade. Vinha da pena do grande guru da administração, Peter Drucker. Teria ele razão?

Acabo de voltar do Paraguai, onde as exposições no livro de Isaías por Vinoth Ramachandra provocaram profundas reflexões e desafios, em um encontro de formação de estudantes universitários do Cone Sul. Um excelente material, que deverá gerar algo merecidamente publicável.

Foi lá, num desses dias, que Vinoth abandonou a cadeira em frente ao computador com cara de poucos amigos. Veio em minha direção e contou-me que havia recebido uma resposta negativa de seu editor em língua espanhola, ao que murmurou algo incompreensível (culpa de meu pobre Inglês ou seria um desabafo em sua língua materna Tâmil?).

Tal editor o havia alertado que somente após a publicação da versão em espanhol de “A Falência dos Deuses” ("Gods that Fail"), e da vendagem de uma quantidade razoável desse título, poderia então considerar publicar um segundo livro de sua autoria.

Lembrei-me então de Stacey Woods, o australiano pioneiro em levantar movimentos estudantis que conformariam a IFES. Nos anos 40, quando ajudou a fundar a revista HIS (atualmente, "Student Leadership journal"), que projetou e deu prestígio ao movimento estudantil norte-americano, ele delineou três objetivos para sua política editorial:

• Primeiro, tudo que fosse impresso deveria ser para a glória de Deus;
• Segundo, todos os artigos deveriam ter aquela paixão que os leva a serem lidos, pois não importa quão bom seja um artigo se ele não for lido;
• Terceiro, cada artigo deveria atender a uma necessidade ou buscar resolver um problema real.

Em meio às dificuldades financeiras, a política foi mantida e se registra que o movimento em suas primeiras duas décadas não teria sido o mesmo sem a revista e sua influência.

Meu caro Vinoth, o Peter podia ter suas razões e argumentos. Quanto a mim, terei mais paz em minha consciência trabalhando para que bons livros e artigos continuem a ser publicados, vendidos (ou doados, emprestados, divulgados na Internet), lidos, discutidos, formando e confrontando nossos próprios acomodados paradigmas.

Algum editor se candidata (ou se arrisca) a dizer que o Peter não tinha toda a razão?

Foto: © Ben Singleton,
pen,
upload feito originalmente por Cruscotto.